segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Cavalo - Primeiro Trabalho Solo de Amarante



Rodrigo Amarante foi o integrante do Los Hermanos que mais "rodou" no meio musical, além de ser autor de clássicos que engrandeceram os quatro álbuns da banda, ele também fez parte da Orquestra Imperial, Little Joy e agora já planeja a turnê do seu primeiro trabalho solo: Cavalo. 

Sobre a turnê e suas respectivas datas e cidades: 


Sobre o disco:

Lançado dia 23 de setembro, Cavalo - primeiro álbum solo de Rodrigo Amarante - foi produzido por Noah Georgeson e traz 11 faixas, gravadas no Brasil e também nos EUA. Além disso, há uma refinada mistura entre o português, inglês e francês, idiomas comandados pelo músico e que causam uma diversificada e impecável sonoridade por todo disco. 
As primeiras canções disponibilizadas foram "Maná" e "Tardei", agora todo disco pode ser ouvido e comprado para o "iTunes", em breve também será vendido em CD e vinil. 

Cavalo é a admirável oscilação entre o complexo e o simples. Rodrigo consegue nos remeter de forma bem sutil àquelas antigas composições, porém, sem perder a originalidade. Dessa forma, será sempre uma surpresa para todos qualquer nota musical e letra que já tenham passado por suas mãos.  


Leia agora a carta escrita pelo Rodrigo, onde o mesmo fala sobre seu primeiro disco, sua trajetória e seus sentimentos em relação a toda essa mudança:

I -II -III - 

(Clique para ampliar)


Sem mais rodeios, ouçam agora o álbum tão esperado:






Mais informações: 






domingo, 22 de setembro de 2013

Los Hermanos na Trilha Sonora


Dirigido por Bruno Barreto, "O Casamento de Romeu e Julieta" (filme de 2005) traz em sua trilha sonora duas músicas da banda Los Hermanos:


Tenha Dó (Marcelo Camelo)


Sentimental (Rodrigo Amarante)


Além disso, Marcelo Camelo foi convidado para fazer uma música com Erasmo Carlos, essa, intitulada "Romeu e Julieta" e que também faz parte da trilha sonora do filme.


Assistam a entrevista na qual Marcelo explica isso:




Ouçam então na voz de Marcelo, Erasmo e aquela que não nega suas origens e não trai o talento que é quase uma regra da família Buarque de Holanda, Miúcha. 





O Casamento de Romeu e Julieta (2005)
Filme completo:






terça-feira, 10 de setembro de 2013

Entrevista com a banda Los Hermanos

Quem já leu alguma entrevista do Gafieiras sabe que são bem humoradas, mais um bate papo que um interrogatório interminável. Em 2005 os barbudos também fizeram parte dessa conversa.



Em vez de uma soneca


Já faz algum tempo que tentamos entrevistar essa banda. Mas eles moram no
 Rio de Janeiro e quando vêm a São Paulo é para shows e com a agenda sempre lotada.
Alguma insistência, a ajuda de Bruno Medina e a entrevista foi possível num encaixe, entre a passagem de som e o show que realizaram no Via Funchal, no dia 10 de dezembro de 2005.
No restaurante do hotel esperamos por eles.

A van encostou na recepção e foram descendo um a um, ainda rindo de alguma piada que começou no interior do carro.

A promessa era de uma entrevista sem motes ou ganchos, um bate papo (como todas do Gafieiras), uma promessa que se cumpriu em parte…

Marcelo se preserva, fala pouco. Rodrigo responde a tudo no limite do escárnio. Bruno reflete a cada pergunta e devolve respostas elaboradas. Barba fala sem o compromisso de ser um porta-voz.

Reflexos de um grupo que já passou por muitos dos infindáveis ciclos pelos quais podem passar uma banda no cenário musical. Começaram estourando nas paradas de sucesso, romperam com a gravadora no segundo disco, quase foram relegados ao ostracismo, voltaram à tona e hoje vão se firmando na busca por sua sonoridade.

A busca é o que melhor define a condição desse quarteto carioca. Ele está em busca, mas não para chegar a um ponto final, e sim para crescer nesse percurso.

A cada disco trazem novidades, a cada entrevista tentam se colocar e encontrar uma maneira de se relacionar com a mídia. De quem dependem, para que sua expressão artística transposta em produtos (DVD, CD, shows) encontre seu lugar (a emoção dos ouvintes – para eles; vendagem e retorno financeiro – para quem? não importa).

Oscilando entre momentos de descontração e outros com um quê de tensão, a conversa se construiu. Subjetividades, convicções, contradições, mas em todas as respostas se evidencia a busca.

O tempo passava rápido e estava contra nós, nos olhares cansados de quem já estava na estrada há dias, sem dizer textualmente, deixaram claro que preferiam que o tempo ali gasto fosse mesmo uma soneca antes de subir ao palco.


O papel da entrevista nessa história? Talvez apenas fazê-los perder algumas horas de descanso ou, na melhor das hipóteses, ter contribuído nessa busca.

I - Vocês pretendem fazer o quê?!

[ Enquanto Daniel Almeida registra em áudio a data, local e o nome do artista da vez, a banda Los Hermanos chega da passagem de som no Via Funchal, onde se apresentaria três horas depois. O quarteto se posta em frente à piscina, na área interna do restaurante do hotel ]

Rodrigo Amarante Vamos dar um mergulhinho?!

Rodrigo Barba A água deve estar quente.

Bruno Medina  Esse negócio de água quente é porque o tempo do lado de fora está frio e aí…

Amarante Porque a água demora pra chegar à temperatura… Tanto é que a água nos mares nesse verão é mais gelada…

Bruno Eu estava vendo um documentário sobre o urso polar, tadinho dele…

Amarante É uma vida de merda que ele leva.

Bruno É solitária, fudida, e agora o gelo demora para desaparecer, aí ele fica com fome, porque tem o aquecimento global... Tadinho dele! [risos] É sério!

Amarante Tem um período, eu não sei qual é, um período horrível daqueles que não tem nada, somente gelo, né?

Bruno  Mas gelo é bom pra ele.

Amarante  Aí ele deita assim no gelo – porque aquele pêlo é tão denso, tão denso, que ele sofre de calor no Pólo Norte.

Marcelo Camelo  Mas nesses documentários o que sempre vale é o ponto-de-vista… Se fosse feito do ponto-de-vista da foquinha, o urso seria o maior filho-da-puta. [risos]

Bruno São filhos-da-puta, mas tadinhos!

Barba É a vida, é a vida! Você não come galinha, vaca?! [risos]

Bruno  Absurdo total! [risos]

Amarante Eu preciso predar, preciso predar! Mensagem de paz no final!

Ricardo Tacioli – Somente para termos uma ideia, qual é o tempo que a gente tem para a entrevista?

Daniel Almeida – Vocês é quem falam.


Amarante A gente?

Almeida – A gente pode ficar até às dez da noite. [risos]


Amarante  Não sei, não sei. Vocês pretendem fazer o quê? [risos]

Bruno – Vai depender do tempo…


Almeida  Se forem quinze minutos…


Barba - Tem gente que é mais rápido… [risos]

Tacioli – As entrevistas do Gafieiras não têm um mote, são um bate-papo…

II - É a transformação de uma expressão artística em produto


Max Eluard – Já que vocês estão prestes a se apresentar [ no Via Funchal, em São Paulo], tenho uma questão… A hora do show é a hora do tesão do músico, de tocar e de mostrar o que vocês fizeram em estúdio. Ao mesmo tempo, é um momento cansativo, ficar na estrada, longe de casa, repetir as músicas. Como vocês fazem para minimizar esse efeito negativo de uma turnê?

Amarante  A gente tenta diminuir o baque, mas tem uma hora que não tem jeito. Como se fosse um circo, ainda mais quando é um show depois do outro. Mas acho que a parte menos cansativa, pelo menos pra mim, e acho que pra eles também, é o de repetir as músicas. A sensação não é de repetir, porque a gente vai mudando as músicas, vai mudando os arranjos. Agora, a vida é essa mesma. A cara de cansado… Não tem o que fazer. Acorda às cinco da manhã, dorme duas horas, vai prum lugar, aí dorme mais três de dia, o que não vale nem meia hora da noite, come comida estranha…

Camelo  O fato de ser um grupo é bom. É que nem escola que você vai todo dia: tem sempre as mesmas pessoas, mas cada dia é diferente do outro. O bom é que varia, tanto entre a gente quanto com a equipe.

Tacioli – Mas mudou algo dos shows do começo da banda, ali de 1998, 99, pra agora?

Amarante  Mudou tudo! A gente mudou, mudou o mundo, mudou a música.

Tacioli – Mas mudou algo daquele tesão de iniciante?

Amarante  Não acho que o tesão do iniciante seja maior do que o do iniciado. Eu hoje tenho mais tesão do que nunca! Tesão é meio feio, né? [risos] Me sinto nervoso falando essa palavra. [risos] Não é tesão, é amor, é “eu te amo”! [risos]

Bruno Eu acho que tem um aspecto nisso tudo que é a transformação de uma expressão artística em produto. A gente não pode esquecer isso. Por mais que seja divertido, e é e tem que ser porque senão a gente não suporta, mas você gravar um disco é pegar sua arte que tá no ar e transformar num produto pra ser vendido na loja. E o show também tem um formato. Não posso chegar hoje no Via Funchal e tocar, de repente, seis músicas. Não posso fazer isso porque tem um formato, um horário mínimo. Eu estava olhando eles falarem isso e contemplando com esse olhar de contradição, porque a repetição às vezes cansa mesmo. Mas tem uma coisa genuína nisso tudo que é o que move isso, que é fazer música. Aí sai um disco novo e você quer, efetivamente, tocar essas músicas novas, ficar feliz com os desdobramentos. Elas se transformam. E tem a recepção dessas músicas em cada cidade. Enfim, é uma situação cíclica, mas que é um pouco diferente.

II - O peito do meu avô... Um som inesquecível!

Tacioli – E como era o panorama sonoro da infância de vocês?

Daniel Almeida – Havia música em casa ou era um primo mais velho quem trazia os LPs…


Camelo  A gente ouvia rádio em casa...

Amarante  Os meus pais ouviam música. Lembro dos domingos de manhã quando eu pensava… “Porra, meu pai tem que ouvir essa parada agora tão cedo?!” [risos] Adolescente, né? Todo domingo era a mesma coisa.

Almeida – E o que era?

Amarante  De tudo. Tudo, não, era MPB e rock, oscilando aí. MPB, Error! Hyperlink reference not valid…. Duran Duran ele ouve até hoje. Um dia desses ouvi num lobby de hotel aquela música… [cantarola] “Don’t say a prayer for me now” [n.e. “Save a prayer”, do disco Arena, 1984]

Almeida – Opa, clássica.

Amarante - Essa música é boa demais! Tem aquela flautinha que parece uma flauta peruana.

Bruno  Deve ser um synth [sintetizador].

Tacioli – Mas e de som, além de música?

Amarante Tem o peido do meu avô. Um som inesquecível! [risos] Rasgava a cueca e tal… [risos] Minha avó aparecia na sala e falava… “Imagina se isso não sai!” [risos], como se falasse que era legal peidar. Pode peidar! Eram os pais da minha mãe e minha avó era super erudita, apesar de não parecer… Erudita assim, foi bióloga, diretora do Instituto de Educação, foi atriz… Eles tiveram restaurante macrobiótico, comida natural, então o peido era uma coisa social… [risos] Só que meu avô tinha uma técnica de peidar com muito barulho. Ele apoiava na poltrona assim e… Era um show de som! Vrauuu!!!

Barba Agora eu entendi suas guitarras! [risos]

Amarante Eu sou a única pessoa séria da família.

IV - 

Tacioli – Todos passaram a infância no Rio?

Barba Não, eu passei em Minas.

Tacioli – E como era lá?

Barba A mesma coisa. Meu pai escutava muita MPB e rock’n’roll. A infância foi assim. Aí na pré-adolescência, 10, 12 anos, comecei a comprar discos.

Almeida – E o que você escutava?

Barba Na época eu escutava metal e hard-rock. [risos]

Camelo Progressivo também. [risos]

Amarante  Eu ouvia rock triste… [risos] Tipo Smiths, Cure, U2…

Almeida – Mas tem uma semelhança, não tem? Não digo pelo som, mas de uma aura meio cult…

Amarante É, o primeiro disco que eu comprei foi do Smiths, depois Cure e U2… mas aí logo depois tem aquela coisa anos 70… um pouco mais velho, cê já sabe de mais coisas… Aí cheira loló e quer ouvir Led Zeppelin! [risos]

Barba The Doors. [risos]

Almeida – Maior junkie da parada. [risos]


Amarante É normal. Depois tem a fase Ramones…

Bruno  Eu venho de uma casa pouco musical. Meus pais não eram de comprar discos. Havia uns discos de novela. Via muita televisão e ouvia rádio também, mas despertei pra música muito tardiamente. Vejo que as pessoas costumam comprar o primeiro disco aos 10 anos e comigo fui mais tarde. Brinquei até mais tarde. Só fui me envolver com música quando comecei a aprender teclado, com 14 anos. Quer dizer, fui ouvir música mesmo junto com produzir música. É engraçado porque as pessoas perguntam de influência de teclado e eu não tenho nenhuma. Minha história é muito fragmentada, mas eu acho isso ótimo porque não tenho vício nenhum. Pego as coisas de uma forma muito solta.

Manoela Ziggiatti – E você escolheu o teclado como?

Bruno – Não escolhi. Foi escolhido. Uma vez achei um tecladinho Hering na casa da minha avó. Era da minha tia. Aí eu peguei e fiz um “Cai, cai, balão” e minha mãe achou foda!

Almeida – O melhor “Cai, cai, balão”! [risos]


Bruno  Aí ela uma vez entrou num free shop… e havia essa onda nos anos 90… Meu tio trabalhava na Receita Federal e colocava minha mãe pra dentro pra comprar umas coisas dos Estados Unidos. Aí ela comprou um teclado e disse: “Comprei pra você”. Tá bom. Foi assim que eu comecei a ter aula de teclado. Talvez hoje em dia eu escolhesse guitarra ou algo assim, mas agora tá tarde pra mudar. [risos]

Barba Nunca é tarde pra mudar, Bruno! [risos]

Bruno Mas eu tenho preguiça de começar tudo de novo. E o emprego aqui é pra teclado. [risos] Guitarra já tem duas.

Amarante Eu posso começar a tocar teclado um pouquinho!

Tacioli – Mas você tem noção de outros instrumentos?

Amarante Ele sabe que tem umas cordas… [risos]

Bruno  É só me dedicar. Meu irmão mais novo começou agora a tocar guitarra e pegou super rápido. O básico.

Barba  Quando se é mais novo pega mais rápido mesmo.

Bruno É mesmo. Mas o lance é começar, né? Tenho vários amigos que não tem carta de motorista. Porra, o Max [Eluard] tirou no ano passado! O negócio é começar.

Almeida – Vocês estudam seus instrumentos, são CDF?

Amarante  Eu deveria estudar mais, mas ao mesmo tempo… me sinto CDF em outras coisas…

Almeida – Que outras coisas?


Amarante  Ah, outras coisas. [risos]

Bruno Eu não sou CDF, não. Tenho pouca disciplina pra estudar qualquer coisa. Até hoje tenho pesadelo que tô na escola e que tenho prova. Acordo com o coração batendo rápido! [risos] Porra, aí eu penso “não tenho mais prova na vida, não preciso mais estudar!”. Quero mais isso, não!


Continue lendo: 



V - Logo vão falar que somos a banda da família brasileira!


VI - 
Fomos catapultados de aluno de faculdade para a Xuxa


VII - 
“Fazer ou não fazer playback?!”


VIII - 
“Vocês são banda nova e têm que aparecer na capa!”


IX - 
Falar de amor era um diferencial nosso


X - 
Há uma avaliação diária por causa dos shows


XI - 
A gente é como a Holanda de 1974


XII - 
Quatro Brunos seria o Devo!



XIII - 
Não tem espaço para o quinto elemento


XIV - 
Imagine o Ira!... e a gente de camisa florida cantando “Anna Júlia”



XV - 
99% da agenda de divulgação é obrigação


XVI - 
O 4 foi nosso primeiro CD lançado oficialmente em Portugal


XVII - 
Tô ouvindo aquele disco do Dorival Caymmi


XVIII - 
Meu primeiro emprego foi fazer camisetas de surf wear